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5 de novembro de 2014

Finalmente Descobrimos Por que Se Coçar Só Piora a Coceira

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"Se coçar é um dos prazeres mais doces da natureza", escreveu Michel de Montaigne, filósofo francês do século 16. "Mas o arrependimento surge irritantemente cedo." Nunca uma máxima foi tão verdadeira: coçar só piora a coceira, e os cientistas finalmente descobriram o porquê.
Assim como o raio e o trovão, o ato de coçar e a coceira estão intimamente ligados. Mas os cientistas ainda não sabem muito sobre a coceira; porque nos coçamos, qual é seu propósito evolutivo, etc. Em uma matéria maravilhosa escrita pelo cirurgião Atul Gawande para a New Yorker em 2008 (que, aliás, foi onde eu li a citação de Montaigne pela primeira vez), ele observa que a coceira é uma "sensação peculiar e diabólica".
"Os cientistas acreditam que a coceira, e o reflexo de coçar que a acompanha, surgiu para nos proteger de insetos e toxinas vegetais — e de perigos como a malária, a febre amarela e a dengue, transmitidas por mosquitos; da tularemia, da oncocercose, e da doença do sono, transmitidas por moscas; de piolhos que transmitem tifo, de pulgas cheias de pestes e de aranhas peçonhentas", escreveu. "Mas como ela funciona exatamente é um grande mistério."
Crédito: Neuron
A coceira é prima da dor, mas elas não são a mesma coisa. Isso foi confirmado no final dos anos 80, quando pesquisadores alemães deixaram algumas pessoas com uma coceira monstra ao estimular a produção da histamina (uma substância que aumenta a coceira) no corpo das cobaias. Mesmo morrendo de coceira, os pacientes afirmaram que não estavam sentindo dor, o que levou o pesquisador H. O. Handwerker a concluir que a coceira e a dor são sensações distintas e que percorrem caminhos neurológicos diferentes.
Esses antecendentes científicos nos trazem às pesquisas atuais. Apesar da coceira não ser o mesmo que a dor, coçar certamente dói, e isso é um fato importantíssimo.
Em um novo estudo publicado na revista Neuron, Zhou-Feng Chen, do Centro de Estudo da Coceira da Universidade de St. Louis (sim, isso existe) esmiuça os caminhos que levam o ato de coçar à mais coceira.
"O ato de se coçar, um estímulo mecânico danoso, pode extinguir a sensação de coceira e apaziguar os interneurônios vertebrais. No entanto, o ato também intensifica a inflamação cutânea, que por sua vez gera uma coceira ainda mais intensa e uma ânsia incontrolável de se coçar", ele escreveu.
O que acontece, especificamente, é que o cérebro recebe os sinais de dor vindos de uma bela coçada e aumenta a produção de serotonina (o que, entre outras coisas, pode controlar a sensação de dor). Mas o estudo também revelou que a serotonina também pode influenciar a sensação de coceira.
Para provar isso, ele alterou ratos geneticamente para que eles não produzissem serotonina. Eles sentiam muito menos coceira do que ratos normais, mesmo quando eram injetados com a substância que aumenta a sensação. Em seguida, esses ratos receberam injeções de serotonina, e voltaram a sentir a velha coceira.
Essa é uma descoberta bem legal. Mas não é uma boa notícia para aqueles que esperam que alguém descubra como fazer as picadas de mosquito pararem de coçar ou algo do tipo: a serotonina é um neurotransmissor extremamente importante associado à coisas como o humor, o apetite, o sono, a dor, etc. Brincar com os níveis de serotonina só vale a pena se você estiver em depressão profunda, por exemplo — não se você achar mosquitos um saco.
Por enquanto, elevar a mente e um pouco de pomada de camomila continuarão sendo os melhores tratamentos para as coceirinhas.
Tradução: Ananda Pieratti

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